Deficiência intelectual
o que a Geografia Escolar precisa saber para um trabalho inclusivo
DOI:
https://doi.org/10.46789/edugeo.v15i25.1485Palavras-chave:
Deficiência Intelectual, Educação Especial, Geografia Escolar, Cartografia EscolarResumo
Segundo o Censo Escolar de 2023, os estudantes com deficiência intelectual constituem o maior grupo da Educação Especial, evidenciando a necessidade de práticas inclusivas que favoreçam sua aprendizagem. Este artigo apresenta reflexões sobre a prática docente nas aulas de Geografia com estudantes com deficiência intelectual, realizadas entre 2022 e 2024 em uma escola municipal de Santa Cruz do Sul/RS. A metodologia baseou-se em pesquisas bibliográficas sobre a história e as normas de Educação Especial que fundamentam a inclusão escolar; na análise do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5, APA, 2014), relacionando seus domínios conceitual, social e prático às práticas pedagógicas desenvolvidas; e em estudos sobre o ensino de Geografia para estudantes com deficiência intelectual. As reflexões destacam a importância de metodologias acessíveis, que conciliem aspectos cognitivos e afetivos do aprendizado, considerando tanto a linguagem escrita quanto o uso da Cartografia Escolar como instrumentos fundamentais na construção do conhecimento geográfico. Os resultados apontam que práticas adaptadas, quando pautadas em princípios inclusivos e na compreensão das especificidades cognitivas, favorecem o engajamento e o desenvolvimento integral dos estudantes. Além disso, ressaltam que as necessidades educacionais nem sempre coincidem com as preferências imediatas dos discentes, sendo essencial que o ensino proponha desafios que estimulem o crescimento emocional e cognitivo.
Palavras-chave
Deficiência intelectual; Educação Especial; Geografia Escolar; Cartografia Escolar.
Intelectual disability: what school Geography needs to know for inclusive work
Abstract
According to the 2023 School Census, students with intellectual disabilities constitute the largest group within special education, highlighting the need for inclusive practices that effectively support their learning. This article presents reflections on teaching practices in Geography classes with students with intellectual disabilities, conducted between 2022 and 2024 in a municipal school in Santa Cruz do Sul, Brazil. The methodology was based on bibliographic research addressing the history and regulations of special education that underpin school inclusion; on the analysis of the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5, APA, 2014), relating its conceptual, social, and practical domains to pedagogical practices developed; and on studies concerning the teaching of Geography to students with intellectual disabilities. The reflections emphasize the importance of accessible methodologies that integrate cognitive and affective dimensions of learning, considering both written language and School Cartography as essential tools in the construction of geographical knowledge. The results indicate that adapted practices, when grounded in inclusive principles and in the understanding of cognitive specificities, promote student engagement and holistic development. Moreover, they suggest that educational needs do not always coincide with students’ immediate preferences, making it essential for teaching to propose challenges that stimulate emotional and cognitive development.
Keywords
Intellectual disability; Special Education; School Geography; School Cartography.
Discapacidad intelectual: lo que la Geografía Escolar debe saber para un trabajo inclusivo
Resumen
Según el Censo Escolar de 2023, los estudiantes con discapacidad intelectual constituyen el grupo más numeroso de la educación especial, lo que evidencia la necesidad de prácticas inclusivas que favorezcan su aprendizaje. Este artículo presenta reflexiones sobre la práctica docente en las clases de Geografía con estudiantes con discapacidad intelectual, realizadas entre 2022 y 2024 en una escuela municipal de Santa Cruz do Sul, Brasil. La metodología se basó en investigaciones bibliográficas sobre la historia y las normativas de la educación especial que fundamentan la inclusión escolar; en el análisis del Manual Diagnóstico y Estadístico de los Trastornos Mentales (DSM-5, APA, 2014), relacionando sus dominios conceptual, social y práctico con las prácticas pedagógicas desarrolladas; y en estudios sobre la enseñanza de la Geografía a estudiantes con discapacidad intelectual. Las reflexiones destacan la importancia de metodologías accesibles que integren los aspectos cognitivos y afectivos del aprendizaje, considerando tanto el lenguaje escrito como la Cartografía Escolar como herramientas fundamentales en la construcción del conocimiento geográfico. Los resultados indican que las prácticas adaptadas, cuando se basan en principios inclusivos y en la comprensión de las especificidades cognitivas, favorecen el compromiso y el desarrollo integral de los estudiantes. Asimismo, señalan que las necesidades educativas no siempre coinciden con las preferencias inmediatas del alumnado, siendo esencial que la enseñanza proponga desafíos que estimulen el desarrollo emocional y cognitivo.
Palabras clave
Discapacidad Intelectual; Educación Especial; Geografía Escolar; Cartografía Escolar.
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